As pessoas comentam entre lágrimas,
"alguem muito querido não existe mais "
é inacreditável, você sempre conviveu
com aquela pessoa, fez parte da sua infância
contribui de alguma forma no seu crescimento
derrepente você pensa, não vou mais vê-la, ouvi-lá
parece irreal.
Parece um sonho ruim, daqueles que você luta pra acordar
Em outros lugares é normal,
as pessoas estão acostumadas a presenciar mortes todos os dias,
mas no Estrela não
as pessoas estão acostumadas a presenciar mortes todos os dias,
mas no Estrela não
é sempre um choque, porque todo mundo é da gente
de uma forma particular, ou não, não queremos perder ninguém.
Então o sino toca e dói, doi muito cada badalada é um aviso
de que alguém não estará mais lá... se foi.
Mais ainda assim é inacreditável,
depois o corpo chega, e você pensa: devo ir mas não quero,
devo ir sim porque no Estrela ir a um velório
é sinônimo de consideração, não devo ir porque não quero ver aquela pessoa
outrora tão cheia de vida, em um caixão frio,
não quero lembrá-la assim, quero guardar as recordações boas, vivas dentro de mim
Não adianta vou, temos que ir,
então leva-se um choque, lágrimas rolam e a dor aumenta
então leva-se um choque, lágrimas rolam e a dor aumenta
mais ainda assim é inacreditável
então é despedida final alguém da família diz palavras que emocionam,
vizinhos, amigos, inimigos choram e comentam num canto
"como aquela pessoa era boa",
umas de coração, outras apenas por remorço,
outras por não saberem o que dizer
umas de coração, outras apenas por remorço,
outras por não saberem o que dizer
então o sino toca e machuca de novo, chega a hora de o caixão sair da casa
isso doi porque percebemos que não veremos mais aquela pessoa
mais ainda assim é inacreditável
então as pessoas andam seguindo o caixão até o cemitério
a passos duros, relutantes, ainda pensando:
"meu Deus não pode ser real"
"meu Deus não pode ser real"
e os pés se recusam a ir, mais vão, a pasos frios que doem
e lá vê-se a cova, descem o caixão, descem as lágrimas...
e então jogam a terra, que faz um barulho quando se encontra com o caixão
nesta hora tomados de um choque percebemos,
é mesmo o fim
é mesmo o fim
e doi muito mais, quando pensamos: acabou ela não existe mais
e choramos, nos abraçamos, compartilhamos a dor pra tentar diminuí-la.
Nessas horas todos nos nos entendenmos.
Não estamos preparados pra morte
Nessas horas todos nos nos entendenmos.
Não estamos preparados pra morte
ninguém quer perder, ainda mais perder pra sempre
pois a morte é covarde poreque nos nega a chance
de um revanche.
Jaqueline Santos
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