O tempo passa ligeiro, apressado, não para, não espera, não ama, não se comove, não se apega. Passa levando tudo, as lembranças, os sorrisos, as bonecas, as cirandas, ele corre e nos obriga a ir também, modificando os sonhos, apagando as fantasias, pequenos momentos. Nos tira “os amigos para sempre” e os “amores eternos”. Nos faz esquecer as juras secretas, as mágoas, os perfumes, o calor dos abraços, a marca dos beijos. Ele passa depressa, cicatrizando velhas feridas e abrindo novas, ele é insensível, impiedoso, com ele não existe chance de voltar atrás, de reviver. É ele quem manda. O tempo nos obriga a crescer sem parar pra conversa, pois ele tem pressa. E depois duro e frio deixa apenas os cabelos brancos, os olhos profundos, vagas lembranças. E quando parece que finalmente ele irá parar para uma conversa, ele chega perto um pouco mais lento que de costume, com um beijo silencioso, frio, e pela primeira vez delicado, serrando nossos olhos avisando que... Acabou-se o tempo.
Jaqueline Santos
Nenhum comentário:
Postar um comentário